terça-feira, 3 de junho de 2008

Buñuel da madrugada

Bom..., quando a Suzana, produtora do documentário, sugeriu, no início da produção, que criássemos um blog para contar, mais ou menos diariamente, as peripécias da produção eu achei excelente a idéia. Acho que eu estava meio empolgado pelo blog do Fernando Meirelles que eu estava acompanhando, onde ele narra, de maneira altamente simpática, os andamentos da sua super produção "Blindness".

Mas logo de início surgiu uma insegurança, meio que uma síndrome de baixa-estima que não me deixou escrever nada até então. Sempre achei que blog era coisa de gente auto-confiante, que tem certeza de tudo e confia que seus comentários, por mais inúteis que forem, serão relevantes para alguém. E embora a gente saiba que ninguém é obrigado a ler nada que não queira, fica uma sensação esquisita de exibicionismo, de sentar em uma vitrine esperando que alguém pare para nos apreciar.

Enfim... ainda não estava muito convencido a escrever até que, graças a uma pequena cirurgia, tive que ficar de molho em casa por uma semana e recomecei a ler um livro biográfico do Buñuel "Meu Último Suspiro". Embora literariamente o livro não seja grandes coisas (e também não sei porque esperar isso de uma biografia), o personagem central (Buñuel, obviamente), sua vida, e até a própria despretensão literária que ele mesmo afirma no início do livro, me prenderam de tal maneira que eu o terminei em dois dias (acabei a 15 minutos atrás). E a vida vulcânica desse espanhol, que era a cara de meu pai, despertou em mim uma vontade meio inexplicável de escrever.

Não que eu ache que minha vida é ou será tão intensa quanto a dele (embora também não queira dizer que não será), mas acho que por causa da descoberta de que o grau de intensidade está diretamente ligado à força que se faz no sentido dela. Deu prá entender?

Mas, enfim, sentado finalmente na vitrine, que ainda espero intimamente que ninguém veja, vou tentar fazer uma síntese do que fizemos e do que descobrimos até então. Como já está tarde (3:00 da matina), e tem muita coisa prá ser contada, vou fazer a coisa em capítulos. Por enquanto fica só o título do primeiro capítulo: "EU TINHA JURADO QUE NÃO FARIA OUTRO DOCUMENTÁRIO".

Carlos Canela

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